segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Consertando um teclado com... um lápis!

Dia desses estávamos eu e minha esposa caminhando na calçada quando, ao passar por uma lixeira eu encontrei um teclado multimídia descartado no lixo. Imediatamente imaginei que ele estaria quebrado ou faltando teclas, mas para minha surpresa ao examinar o mesmo não encontrei nenhum defeito gritante. Pelo contrário, o teclado parecia absolutamente novo!  Era um teclado multimídia genérico, desses fabricados na China e que deve custar uns R$ 50,00 reais nas lojas. Nenhuma preciosidade, mas eu gostei dele. :-)  Era preto, com layout de teclas ABNT e aquela fileira de botões extras acima das teclas de função e que permitem o controle de volume, power, atalhos para calculadora, email, navegador etc.

Minha esposa fez uma cara de reprovação afinal eu já tenho várias sucatas de computador em casa incluindo alguns teclados extras "do tempo em que se usava desktop", mas todos são de cor bege e com layout US-International. O mais antigo é do tempo do meu primeiro computador, um 486DX2/66. Acabamos concordando que eu poderia levar o teclado para casa e testar. Se funcionasse eu ficaria com ele. Se não funcionasse, voltaria pro lixo.

Ao testar o teclado descobri que a tecla "H" não funcionava. Não me dei por vencido, afinal eu sou do tipo "Faça Você Mesmo" e por isso tenho dezenas de ferramentas em casa com as quais eu realizo praticamente todos os pequenos consertos domésticos, e alguns nem tão pequenos assim...

Resolvi abrir o teclado e verificar os contatos. Como já esperava, encontrei dentro o sanduíche de folhas plásticas com trilhas impressas contendo a matriz necessária para interligar todas as teclas. Esta é a solução padrão utilizada em teclados baratos. Veja na foto:


Essa matriz é composta por duas folhas com contatos e mais uma, intermediária, que serve como isolante entre as duas primeiras e permite o contato apenas atraves de furos localizados abaixo das teclas. As teclas pressionam a camada superior contra a inferior fazendo as mesmas se tocarem e fechando o circuito da tecla. Simples não?


As trilhas são literalmente impressas nas folhas plásticas usando uma tinta condutiva a base de cobre. O problema dessa solução barata é que o cobre é um metal e portanto é duro, enquanto que as folhas plásticas são flexíveis. Com o tempo, as trilhas de cobre podem se romper, e foi o que aconteceu em uma trilha ligada à letra "H".

Eu já montei dezenas de aparelhos eletrônicos e por isso sei fazer soldas, mas neste caso seria impossível resolver o problema dessa forma, pois a folha pástica simplesmente derreteria se eu aproximasse o soldador quente das trilhas.

Como diz o ditado popular, "A necessidade é a mãe da invenção"  e assim, após pensar por alguns minutos, resolvi tentar corrigir a trilha usando grafite de lápis. O grafite é composto por átomos de carbono, que é condutor de eletricidade. Tudo bem que ele oferece uma grande resistência à passagem de corrente, aliás os componentes eletrônicos chamados de "Resistores"  são feitos intencionalmente de carvão, que é outra substância também composta por átomos de carbono. No meu caso, a resistência seria mínima já que eu só precisava unis os dois lados da trilha rachada.

Para corrigir o problema, eu basicamente fiz um risco de lápis em cima da trilha defeituosa. Com isso a micro rachadura foi preenchida com átomos de carbono restabelecendo o contato:




Depois montei o teclado e testei. Voilá!  Tudo funcionando :-)

PS: Por ironia do destino, atualmente minha esposa utiliza esse teclado conectado ao seu notebook, para facilitar a digitação quando o note está no suporte ergonométrico.